43ª Operantar: Pesquisadores da Unipampa realizam expedição à Antártica para estudo de fungos e mudanças climáticas
Três micologistas vinculados ao Laboratório de Taxonomia de Fungos (LATAF), do Campus São Gabriel da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), iniciaram uma expedição de dois meses na Antártica. Os pesquisadores Fernando Augusto Bertazzo da Silva (mestre e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas - PPGCB da Unipampa), Jorge Renato Pinheiro Velloso e Flávia Helena Aires Sousa (ambos graduados, mestres e doutorandos pela Unipampa) integram a 43ª Operação Antártica Brasileira (Operantar), que reúne cientistas de todo o Brasil, de diversas áreas do conhecimento.
A viagem teve início no dia 24 de janeiro de 2025, quando os pesquisadores partiram em um avião da Força Aérea Brasileira C-390 de Pelotas (RS) até Punta Arenas, no Chile. De lá, embarcaram no navio de apoio à pesquisa Ary Rongel, navegando pelo Estreito de Drake até a Base Brasileira Comandante Ferraz, na Ilha Rei George. Posteriormente, seguiram para Elephant Point, na Ilha Livingston, onde permanecem acampados para desenvolver os estudos de campo. O início da viagem de retorno ao Brasil está previsto para o dia 20 de março.
O coordenador da pesquisa é o professor Jair Putzke, docente titular da Unipampa e orientador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PPGCB). A missão, que faz parte de um projeto em conjunto com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), ocorre no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (Proantar), em parceria com a Força Aérea Brasileira (FAB) e a Marinha do Brasil.
Da teoria à prática: expedição proporciona novas descobertas científicas e experiências profissionais imersivas
Fernando Bertazzo da Silva e Jorge Velloso embarcaram pela segunda vez para missões antárticas, enquanto para Flávia esta é a primeira experiência na região, em um trabalho que proporciona novas descobertas científicas e uma verdadeira imersão profissional. Em 2023, Fernando desenvolveu estudos sobre fungos Agaricales, na Península Byers, Ilha Livingston, identificando quatro novas espécies para a ciência e catalogando cerca de 2 mil basidiomas. Em 2024, Jorge realizou o primeiro levantamento de mixomicetos na Antártica, identificando seis novos registros ainda não reportados na região.
Na expedição atual, de 2025, o grupo segue estudando a ecologia e a diversidade de mixomicetos e fungos macro e micro, com enfoque em como as mudanças climáticas podem estar afetando esses organismos. Os pesquisadores desenvolvem suas investigações em parceria com os projetos Terrantar e Permaclima, da Universidade Federal de Viçosa, e os dados coletados serão analisados em diferentes instituições, incluindo a Unipampa, a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Além disso, os dados obtidos durante a missão farão parte de duas teses de doutorado e serão essenciais para a compreensão das mudanças climáticas e de seus impactos sobre os fungos e os ecossistemas da Antártica. A pesquisa também reforça a relevância da ciência brasileira na investigação de ambientes extremos e na busca por soluções sustentáveis para desafios ambientais e biotecnológicos.
Para Fernando Bertazzo da Silva, as expedições à Antártica têm sido transformações marcantes na trajetória profissional e pessoal dos cientistas envolvidos. “Tivemos a oportunidade de realizar pesquisas em um ambiente extremo, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre a biodiversidade e ecossistemas desse continente. Essas experiências ampliam nossa visão científica, fortalecem nossa capacidade de adaptação e trabalho em equipe e reforçam a importância da pesquisa em ambientes inexplorados”, afirma. Conforme o pesquisador, a Unipampa tem um papel fundamental nesse processo, proporcionando estrutura, orientação acadêmica e incentivo à pesquisa desde a graduação até o doutorado. “A instituição nos permitiu desenvolver habilidades técnicas e científicas que foram essenciais para nossa participação nessas expedições. Além disso, o suporte de laboratórios, professores e colegas foi crucial para que nossas pesquisas pudessem ser realizadas com excelência”, enfatiza.
Por fim, o egresso do PPGCB e pesquisador do Laboratório de Taxonomia de Fungos destaca que “o conhecimento adquirido nessas missões não fica restrito à academia. Ele tem impacto direto na sociedade, seja por meio da divulgação científica, que leva a ciência antártica ao público, seja pelo desenvolvimento de novas aplicações biotecnológicas ou pela compreensão das mudanças climáticas e seus efeitos globais”. Fernando Bertazzo da Silva conclui: “pesquisar na Antártica é contribuir para um entendimento mais profundo do nosso planeta e para a busca de soluções sustentáveis para desafios ambientais e biotecnológicos”.
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