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Data de publicação 11/10/2016 - 14:34 Atualizado em: 13/10/2016 - 10:38 1149 visualizações

LDB é debatida durante 22º Encontro de Pesquisadores em História da Educação

Evento aconteceu entre os dias 5 e 7 de outubro no Campus Bagé da Unipampa
Por Franceli Couto Jorge

Na noite da última quarta-feira, 5, o auditório do Campus Bagé da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) atingiu sua lotação máxima. O público prestigiou a conferência de abertura do 22º Encontro da Associação Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação (Asphe), que debateu “Os vinte anos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”. Os conferencistas da noite foram os professores Dermeval Saviani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e Maria Beatriz Luce, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Conferência de abertura do 22º Encontro da Asphe - Foto: Franceli Couto

Dermeval Saviani é doutor em Filosofia da Educação e tem mais de 20 obras publicadas sobre a temática da Educação. O professor iniciou sua apresentação contextualizando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB – Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996) e as 39 leis que a alterou desde sua promulgação. Segundo Saviani, algumas dessas modificações foram desnecessárias e outras significativas, como a Lei nº 11.741, que redimensiona, institucionaliza e integra as ações da educação profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e tecnológica e a Lei nº 12.796, que dispõe sobre a formação dos profissionais da educação e dá outras providências.

Em relação à Lei nº 12.796, Saviani destaca a alteração quanto à faixa etária. A educação básica passa a ser obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade, organizada em pré-escola; ensino fundamental; e, ensino médio. Saviani também falou sobre assuntos atuais como a Proposta de Emenda à Constituição nº 241, que propõe teto para gastos públicos por um período de 20 anos; Projeto de Lei do Senado nº 193/2016, que inclui entre as diretrizes e bases da educação nacional, o Programa Escola sem Partido; Medida Provisória nº 746, que institui a política de fomento à implantação de escolas de ensino médio em tempo integral. Tais medidas, segundo Saviani, marcarão o retrocesso da LDB e da educação. “Precisamos transformar a realidade atual, avançando na transformação da cidadania real, além da formal”, afirma.

O pesquisador citou a Nota Pública emitida pelo Fórum Nacional de Educação que elenca 23 pontos da MP, se aprovados, gerarão atrasos e retrocessos. “O governo Temer erra no método e no processo, restritivos e impeditivos do debate e do encaminhamento adequado sobre a matéria nas redes e sistemas de educação, e também, erra no conteúdo e suas repercussões no país, o que gerará mais atrasos e retrocessos em face da necessária formulação e implementação de medidas consistentes e bem fundamentadas para o Ensino Médio”, diz o trecho do documento lido por Saviani.

O conferencista também questionou: “Como esperar que adolescentes já saibam a carreira que querem seguir, se os jovens não sabem?”. Quanto ao programa Escola sem Partido, Saviani acredita que tal projeto implicará restrições ao exercício docente. “A educação é sempre um ato político. Dizer que ela é isenta, é colocá-la a serviço das classes dominantes”, enfatiza.

Alessandro Bica, Maria Beatriz Luce e Dermeval Saviani - Foto: Franceli Couto

Na sequência, Maria Beatriz Luce reforçou aspectos apresentados por Saviani e falou sobre o Plano Nacional de Educação e da importância da organização coletiva. Segundo a docente, “a expansão do acesso ao ensino superior público, as práticas inclusivas e ações afirmativas são questões colocadas em xeque neste momento. A lei tem que servir para garantir coisas e apontar direções, não pode limitar direitos e deveres”. Maria Beatriz ressaltou as mudanças para ingresso no ensino superior promovidas pelo Enem, a formação de professores e os problemas de reprovação e evasão no Ensino Fundamental. “Nós precisamos reconhecer os atores da política educacional, que somos todos nós cidadãos brasileiros”, finalizou.

O primeiro dia do evento também foi marcado por outras atividades. Pela manhã, após o credenciamento, os participantes foram agraciados com a apresentação de cinco canções da Camerata Pampeana de Violões, que é um projeto de extensão do curso de Licenciatura em Música da Unipampa coordenado pelo professor José Daniel Telles dos Santos.

Camerata de Violões iniciou sua apresentação com a canção Milonga Pampeana - Foto: Franceli Couto

Na sequência, os pesquisadores Jose Luís Sanfelice, da Universidade do Vale do Sapucaí (Univas), e Claudemir de Quadros, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), compuseram a mesa-redonda intitulada História da Educação e Políticas Educacionais: Desafios Contemporâneos, mediada pela professora Patrícia Weiduschadt, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Claudemir de Quadros, José Sanfelice e Patrícia Widuschadt na primeira mesa-redonda do evento - Foto: Franceli Couto

À tarde, aconteceram as sessões de apresentação de trabalhos. As pesquisas abordaram as seguintes temáticas: História das Instituições Escolares; História da Educação e Cultura Material; História da Educação e Imprensa; História da Educação e Políticas Públicas e História da Educação: Formação e Leitura.

Antes da conferência de abertura, houve o lançamento de três livros do professor Dermeval Saviani e a apresentação do Grupo de Práticas Vocais Coletivas da Unipampa, que é um projeto de extensão do curso de Licenciatura em Música coordenado pelas docentes Luana Zambiazzi dos Santos e Lúcia Teixeira.

Grupo de Práticas Vocais Coletivas da Unipampa apresentou-se na abertura do Encontro - Foto: Franceli Couto

A cerimônia de abertura contou a presença do pró-reitor adjunto de Extensão e Cultura, professor Rafael Lucyk Maurer, do diretor do Campus Bagé, professor Fernando Junges, e do coordenador geral do 22º Encontro da Asphe, professor Alessandro Carvalho Bica.

Autoridades acadêmicas que compuseram a mesa de honra do Encontro - Foto: Franceli Couto

 

Segundo dia do Encontro discute as Políticas Educacionais e a Formação Docente

O segundo dia de atividades do 22º Encontro de Pesquisadores Sul-Rio-Grandense de Pesquisadores em História da Educação debateu, pela manhã, temas como História da Educação e Memória; História da Educação e Políticas Públicas; História da Educação: livros e saberes, durante a terceira sessão de comunicações.

A mesa-redonda da quinta-feira, 6, contou com a presença das docentes Berenice Corsetti, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Natália Gil, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mediada pela professora Terciane Luchese, da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O assunto abordado pelas pesquisadoras foi as Políticas Educacionais e as Diretrizes para a Formação de Professores.

Berenice Corsetti falou sobre a formação de professores - Foto: Franceli Couto

A professora Berenice falou sobre os projetos que devem contemplar a inserção dos licenciados na Educação Básica, a formação continuada, aprendizagem da Língua Brasileira de Sinais (Libras), diversidade étnico-racial, de gênero, socioambientais, entre outros. Na sequência, Natália abordou as diferenças entre os saberes curriculares e pedagógicos, focando na formação de professores no Brasil até 1996 e após esse período.

Natália Gil, Terciane Luchese e Berenice Cosetti - Foto: Franceli Couto

À tarde aconteceu a última rodada de comunicações, totalizando aproximadamente 80 trabalhos apresentados. História da Educação e Culturas Escolares; História da Educação e Acervos; História da Educação, Culturas e Etnias foram as temáticas das pesquisas apresentadas no segundo dia do Encontro.

 

Cynthia Greive ministra conferência sobre História e Políticas dos Projetos de Educação Brasileira

O último dia do 22º Encontro da Asphe começou com a exibição do longa-metragem Glauco do Brasil, do diretor bageense Zeca Brito. Logo após, teve início a conferência de encerramento do evento, com a temática História e Políticas dos Projetos de Educação Brasileira (séculos XX e XXI), ministrada pela pesquisadora Cynthia Greive, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Cynthia Greive falou sobre as desigualdades escolares - Foto: Franceli Couto

A docente abordou a discriminação social e desigualdade escolar na história política da educação brasileira, fazendo uma retomada de seis tempos históricos. Cynthia também falou sobre as reformas escolares como as políticas nacionais de combate ao analfabetismo.

O encerramento do 22º Encontro da Asphe foi feito pelo coordenador geral, professor Alessandro Bica, e pela presidente da Asphe, professora Terciane Luchese. A próxima edição do evento está prevista para acontecer na cidade de Rio Grande.