Início > Servidores participam de curso de leitura e escrita em braille
Data de Publicação 23/10/2015 - 11:18 Atualizado em 23/10/2015 - 11:20 1867 visualizações

Servidores participam de curso de leitura e escrita em Braille

O Núcleo de Desenvolvimento de Pessoal (Nudepe) promove, em parceria com o Instituto Benjamin Constant (IBC), o curso de Técnicas de Leitura e Escrita no Sistema Braille. A capacitação, que conta com aproximadamente 20 participantes, entre servidores e alunos da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e representantes da comunidade ligados à Associação dos Deficientes Visuais de Bagé (ADVB), ocorre no Campus Bagé, entre os dias 19 e 23 de outubro. O treinamento é ministrado pela professora do IBC, Geni Pinto do Abreu, graduada em Letras pelo Centro Universitário Cidade com pós-graduação em alfabetização com cegueira, pelo Instituto Superior de Educação do Estado do Rio de Janeiro.

Dados do censo de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que, no Brasil, existem mais de 130 mil pessoas com algum tipo de deficiência visual. Na Unipampa, há, pelo menos, 30 alunos matriculados que apresentam alguma dificuldade de visão. Porém, isso não é motivo para desistir de estudar. O exemplo vem da própria instrutora que, mesmo com a deficiência visual, resolveu se capacitar para transmitir os conhecimentos da linguagem em Braille. “A universidade tem vários alunos com deficiência visual, em vários cursos, e esse grupo vai poder auxiliar muito mais esses alunos em produção de material e até em tornar a universidade um pouco mais acessível”, afirma.

Durante a atividade, os participantes tiveram acesso ao alfabeto em Braille e conhecimentos básicos de matemática. Além disso, através de um painel luminoso, puderam visualizar como se escreve, em Braille, as letras do alfabeto tradicional. Por fim, os participantes tiveram que ler e escrever na linguagem Braille. Ao questionar se o aprendizado do Braille era difícil, a professora respondeu sem pensar. “Ele não é um bicho de sete cabeças, mas, às vezes, em um curso de uma semana, talvez seja um pouco cansativo”, fala.

“Eu estou achando ótima a capacitação voltada à acessibilidade”. Essa é a avaliação do assistente em administração, Luis Fernando Lacerda Lence, que trabalha na biblioteca do Campus Bagé. Atento ao assunto, Luis, inclusive, resolveu se aprofundar no tema e está fazendo uma pós-graduação em educação inclusiva e especial. Para ele, o curso ofertado para os servidores é essencial para quem precisa fazer atendimento para quem tem algum tipo de deficiência visual. “Ela [a capacitação], com certeza, vai nos ajudar a incluir cada vez mais esse público que já é realidade na universidade”, diz.

Participantes tiraram dúvidas sobre escrita e leitura / Foto: Murilo Dotto

A servidora Carla Sica, que trabalha como técnica de laboratório no Campus Bagé, relata que tem conhecimento básico de Braille e resolveu fazer o curso para ter um aprofundamento maior do tema. “Está sendo bem interessante, já que a professora está dando muitos exercícios variados, o que não deixa a atividade cansativa”, relata. Carla também salientou o aspecto inclusivo, um fator primordial da capacitação. “Isso é uma preocupação social e nós, dentro da instituição, temos que procurar estar se adequando para incluir essas pessoas. É difícil elas chegarem até uma universidade, mas nós temos que estar preparados para atender os que conseguem chegar”, explica.

Mais do que simplesmente ensinar os outros, a professora Geni conta que é uma realização ensinar o conhecimento em Braille. “Principalmente, quando a gente reconhece nos alunos o interesse em multiplicar. Eu sinto que o meu trabalho vai ser disseminado e vai atender muita gente. Quando eu converso em cada curso, com cada aluno, com cada pessoa, eu noto que há muito que se fazer. Na verdade, muito já se fez, mas ainda tem muito para se fazer”, finaliza.

 

Com informações de Murilo Dotto

Tags: Bagé, Servidores