Os sucessivos cortes orçamentários que as Universidades têm sofrido desde 2014 vêm afetando suas ações de ensino, pesquisa e extensão. O cenário da Unipampa não é diferente: ao longo desses nove anos, os cortes acumulados representam, para a Instituição, a supressão de 7,8 milhões em custeio e 42,2 milhões em investimento, conforme demonstra a imagem a seguir.

No decorrer de 2022, a Unipampa sofreu um corte que representa 7,2% de seu orçamento discricionário, algo em torno de 3,5 milhões. Com o déficit já acumulado, as perdas orçamentárias somam cerca de 7 milhões. O orçamento previsto já não era suficiente, o que levou a ajustes nas diversas atividades, já precarizadas por esse histórico. O impacto de mais uma supressão afetará várias ações e poderá, inclusive, ocasionar atrasos em pagamentos de diferentes tipos de despesa (bolsas, auxílios, água, luz, aluguéis, serviços de terceirizados, contratos de manutenção entre outros) e investimentos (paralisação de obras, compra de equipamentos e móveis), caso não ocorra nenhuma suplementação por parte do Ministério da Educação, até outubro.

De acordo com a pró-reitora de Planejamento e Infraestrutura (Proplan), Viviane Gentil, têm sido realizados debates com as equipes diretivas e a alta gestão, empenhados em encontrar ideias e soluções que os permitam a continuidade dos serviços, com a garantia mínima de qualidade. Neste momento, as equipes estão realizando análises e apresentando propostas para redução média de 25% dos custos de contratos, fato que deverá se concretizar em meados de outubro, após diálogo com empresas envolvidas. Destaca-se que, por obrigação contratual, as empresas devem dar garantias de manutenção dos serviços até 90 dias após o último mês pago.

Outra preocupação dos gestores envolve pagamento de bolsas e auxílios nos meses de novembro e dezembro, pois a falta de recursos pode também impactar projetos, programas e ações diretas de ensino, pesquisa e extensão já em andamento.

A alta gestão da Universidade tem divulgado essas informações junto à comunidade, utilizando-se de vários canais. No dia 08 de junho, foi realizada uma live via Zoom, para exposição do impacto do bloqueio orçamentário na Unipampa. No dia 28 de junho, aconteceu debate presencial entre a Reitoria e os dez campi, reunião a partir da qual originou-se o Ofício nº 195/2022/GR/UNIPAMPA, informando a supressão de 7,2% do orçamento e orientando as unidades gestoras de recursos (Pró-reitorias, diretorias, campi) para redução de gastos com deslocamentos, material de consumo, energia elétrica, correios, bem como solicitando estudos e proposição de repactuação de despesas e projetos. No dia 30 de junho, a Unipampa divulgou uma nota pública sobre o corte orçamentário. No dia seguinte, assinou, junto a Universidades públicas, institutos federais, entidades científicas, profissionais, sindicais e estudantis gaúchas um manifesto à sociedade brasileira sobre cortes do orçamento para Educação e Ciência (https://unipampa.edu.br/portal/manifesto-sociedade-brasileira-sobre-cort...). No dia 23 de agosto, nova reunião de dirigentes ocasionou a emissão de despacho solicitando análises e propostas para redução média de 25% dos custos de contratos. No último dia 25 de agosto, o tema dos cortes e seus efeitos foi apresentado à comunidade que acompanhava o Conselho Universitário (Consuni).

O Reitor da Universidade, Roberlaine Ribeiro Jorge, tem participado de várias reuniões e fóruns de debate e revindicações de novos recursos para a Universidade. Incluem-se ações junto da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), bem como reuniões com o Ministro da Educação, Parlamentares e o líder do Governo na Câmara dos Deputados, constantes nos últimos meses. O colegiado dos Pró-Reitores de Planejamento (Forplan) também tem mobilizado agendas e ações junto às lideranças em Brasília, buscando possibilidades e alternativas para a situação caótica que vivem as Universidades.