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Data de publicação 24/04/2023 - 20:51 Atualizado em: 28/04/2023 - 15:45 231 visualizações

Dia Nacional da Libras consolida conquistas de professores de Libras da Unipampa junto à comunidade de São Borja

Docentes ajudaram na realização de eventos de inclusão e valorização da cultura surda na Universidade e no município

Por Micael dos Santos Olegário

O dia 24 de abril é considerado no país como o Dia Nacional da Libras. A data celebra o aniversário da lei que instituiu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como forma oficial de comunicação e expressão dos surdos no Brasil. Na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Campus São Borja, dois professores têm sido atores sociais de destaque para a conscientização e valorização da comunidade surda local.

A professora Keli Krause e o docente Willian da Motta Brum atuam no Campus São Borja, ministrando aulas de Libras para diferentes cursos de graduação. Juntos, eles foram responsáveis pela mobilização e organização de diversos eventos em prol da acessibilidade e da difusão da Língua de Sinais e da cultura surda em várias esferas da comunidade local.

Professora Keli Krause ministra Libras no Campus São Borja - Foto: Divulgação

Segundo a professora Keli Krause, a celebração do aniversário de 21 anos da Lei n° 10.436/2002, que instituiu a Libras como primeira língua para os surdos e segunda língua para os ouvintes no país, colabora para colocar em pauta os passos necessários em prol de uma sociedade mais inclusiva. “É importante para conscientizar e mostrar os avanços das políticas públicas voltadas a comunidade surda. As pessoas surdas enfrentam muitas barreiras para realizar suas atividades na vida social e política”, destaca ela.

 

Trajetórias marcadas por engajamento em eventos e seminários sobre a cultura surda

Keli Krause chegou na Unipampa em 2013, desde então colabora para a realização de eventos e ações voltadas para a inclusão social. Dentre os principais estão eventos em alusão ao Dia Nacional dos Surdos e Semana dos Surdos, seminários sobre Libras e com a compilação de sinais oficiais da instituição, incluindo pró-reitorias, setores, órgãos e principais expressões utilizadas no cotidiano da Universidade.

Em 2018, a docente foi uma das avaliadoras do 10º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (Siepe) da Unipampa, quando participou pela primeira vez do evento. Na oportunidade, a instituição se mobilizou em prol da acessibilidade no ensino superior e realizou cerimônias e a cobertura de modo a atender a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência.

A docente está na Instituição desde 2013, onde desenvolve atividades junto à comunidade acadêmica e externa à Unipampa

No último ano, Keli Krause se tornou a primeira professora de Libras da Unipampa com doutorado. Ela defendeu a tese sobre “Política Cultural da Comunidade Surda: uma análise comparativa entre países sul-americanos” pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). 

Além dela, o professor Willian da Motta Brum também realiza diversas ações e atividades voltadas para o desenvolvimento social e inclusão dos surdos no contexto local e regional. "Muitos surdos desconhecem informações importantes sobre cultura surda e inclusão social", aponta o docente.

Professor Willian Brum também atua no Campus São Borja, no ensino de Libras - Foto: Divulgação

Em 2022, ele participou do 1° Fórum Gauchesco de Surdos e ajudou na criação de verbetes gaúchos em Libras. De acordo com William Brum, tais movimentos e iniciativas ajudam a fortalecer a comunidade surda para que ela continue lutando por seus direitos.

Neste ano, Willian Brum colaborou também para a retomada do projeto de extensão “Café com Libras”, que estimula a integração, comunicação e troca de experiências entre surdos e ouvintes. O projeto reúne estudantes da Unipampa e membros da comunidade surda local.

Willian participa de atividades de integração, comunicação e troca de experiências entre surdos e ouvintes - Divulgação

Através da mobilização de ambos os professores de Libras, São Borja sediou o 1º Encontro Regional de Movimentos sobre a Libras, em 2019. De acordo com Keli Krause, o contato entre Universidade, escolas e comunidade é essencial. “É muito importante a parceria da universidade e com as escolas para interações e desenvolvimento de projetos que contribuem para avanço da educação de surdos”, destaca a docente.

A participação deles nas sessões legislativas da Câmara Municipal também motivou a criação de projeto de lei para a contratação de um tradutor de Libras para as sessões. No mesmo ano, outra iniciativa visou implementar o ensino da Língua Brasileira de Sinais nas escolas da rede municipal de ensino. 

Em 2022, a Universidade participou da 24° edição da Surdolimpíada de Verão, em Caxias do Sul. Na oportunidade, a delegação da Unipampa contou com a presença de  professores, intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e estudantes de diferentes cursos.

 

Egressas fizeram da Libras sua profissão

Formada em Ciências Humanas pela Unipampa, Vitiele Fernandes, foi aluna da professora Keli durante a graduação e encantada pelo ensino de Libras, decidiu seguir carreira na área da educação especial. Atualmente ela é professora de educação de surdos em Caxias do Sul e também leciona Libras para o magistério.

Segundo Vitiele, o acesso a cursos de Libras é essencial, principalmente, por conta da carência e falta de conhecimento sobre a língua na região. “Para que a inclusão aconteça de verdade seria importante e de grande valia que todos tivessem acesso a cursos de Libras”, aponta a professora.

Também egressa de Ciências Humanas da Universidade, Marcia Facio Silva, seguiu logo após formada, a carreira na área e fez uma especialização em Tradução e Interpretação e Docência em Libras. Hoje, Márcia é intérprete educacional e também colabora com a alfabetização de um aluno surdo em uma escola de São Borja.

Márcia lembra que na época em que teve contato com a Libras na Unipampa, não havia intérprete nas aulas, desde então, ela percebeu o papel indispensável da Língua Brasileira de Sinais na comunicação e expressão dos sujeitos surdos. “Observando a dificuldade que tínhamos de entender a língua dos surdos me fez despertar um sentimento de empatia e, através dele, eu comecei a aprofundar os estudos e direcionei meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em Libras”, conta a intérprete.

Ainda sobre o trabalho cotidiano com a Libras, Márcia comenta sobre a busca por estimular projetos de valorização da língua nas escolas do município e região. “A sociedade precisa ter esse contato e perceber que é uma língua tão viva como as outras”, destaca ela.

 

Acessibilidade na Unipampa

Além da organização e apoio na realização de eventos ao longo dos seus 15 anos de história, a Unipampa possui um Núcleo de Inclusão e Acessibilidade (Nina), voltado para atender aos direitos das Pessoas com Deficiência na instituição. Entre uma das atribuições do Nina, está a prestação de serviços de tradução e interpretação de Libras.